No dia seguinte, ele já a esperava praticamente no meio do caminho, observando a colina, aguardando ansiosamente a descida de sua envolvente Amiga. Ao vê-la despontar, sua alegria era radiante, como o surgimento do magnífico sol num dia nublado. A pequena Isa parecia ainda mais risonha e feliz, e lhe propôs ficar por ali mesmo e sentados sobre a relva começaram a conversar.
Eloquente, falou de seus lugares preferidos e sobre um pequeno pássaro amarelo encontrado por ela, numa certa manhã, no seu quintal, com uma das asas machucadas, talvez proveniente de um voo mal sucedido ou quem sabe de uma abocanhada de vil animal.
Explicou com detalhes como cuidou dele durante dias e dias até que ele recuperasse o seu lindo canto e pudesse novamente voar. Lembrou que após refeito, todo dia o pequeno pássaro agradecido, lhe fazia uma visita, cantarolando para ela, um belíssimo solo.
E olhando para os outros pássaros que naquele momento sobrevoavam o local, afirmou com tom de tristeza:
- ...Depois ele não voltou mais...e eu sinto muita saudade dele...
Tentando entender sua amargura, o Menino quis saber:
- O que é sentir ...saudade...?
Ela olhou para longe e afirmou:
- ...É quando uma pessoa fica longe e você sente falta...! –
- Como alguém que vai trabalhar e só volta de noite...? – Comparou Yarlen. - Não! Assim não. Saudade é ... quando a gente gosta, gosta, gosta muito e a pessoa demora voltar ou não vem nunca mais...!
O Menino também olhou na direção dos pássaros e depois olhou para bem longe e como se buscasse a compreensão para algo novo e muito estranho, quase que falando para si mesmo, concluiu:
- Deve ser muito triste sentir... essa tal saudade!
Houve silêncio por alguns minutos, mas, logo a espevitada Menina, em nome da dupla de pequenos filósofos, tratou logo de levantar o astral e o desafiou para uma longa corrida através dos bosques e antes mesmo que o Amigo aceitasse seu desafio, disparou contra o agradável vento, enquanto ria e questionava sua capacidade de alcançá-la. Correram, esquivavam-se um do outro até que o jovem menino demonstrando seu bom preparo físico, fruto de suas matinais partidas de futebol, finalmente a alcançou. Começava, entre eles o prelúdio de muitos risos e tinham motivos para isto. No fim, exaustos, se despediram e partiram.
Do Livro: A MENINA QUE ADMIRAVA O LAGO – NELRAY
Capitulo 5 - Saudade do Pássaro Amarelo
EVIRT-EDITORA VIRTUAL 1998 | AZZLLON LITERATURA 2023
Foto: Pixabay.com
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