
A autorrevisão e as IAs Revisoras

Um dos erros mais comuns nos novos escritores ou nos escritores independentes é a autorrevisão. Aquela em que após escrevermos, decidimos revisar o nosso próprio texto, seja para um Blog, um Artigo ou para o nosso livro.
Relembro claramente o período antes de eu desenvolver a disciplina para prestar atenção e corrigir meus erros. É comum passarmos várias vezes por uma palavra ou uma concordância errada sem nos darmos conta. Isso acontece porque nosso cérebro já compreendeu nossas intenções e, durante a revisão, toma o comando sem nosso consentimento, nos enganando. “Lemos” o que está na nossa mente e não o que escrevemos. Além das situações em que falta conhecimento para lidarmos com nossa complexa língua nativa.
Além das situações onde falta conhecimento para lidar com nossa complexa língua nativa. Daí a necessidade de entregarmos nosso texto final do nosso sonhado livro a um profissional experiente ou a uma equipe em que confiamos para que não vejamos nosso sonho ser desprezado por conta da pressa em ver nosso objetivo alcançado.
Tem surgido muitas IAs – Inteligências Artificiais que propõem uma revisão imediata. Levada por grande curiosidade, submeti alguns textos a alguns desses Corretores.
Um dos exemplos que fiz foi apresentar um texto que eu não aprovaria como Revisora. A IA revisou assim que terminei de copiar, parabenizando-me pela ausência de erro. Propositadamente, havia deixado diversos erros que nenhum profissional comprovadamente humano deixaria passar.
Uma outra experiência que considerei muito inusitada foi quando a suposta correção só foi até a metade do texto, parando sem que houvesse nenhuma explicação. Depois de insistir por três vezes seguidas, foi exibida na tela, uma mensagem que explicava que o Texto possuía teor de sexo implícito o que impedia prosseguir.
O texto fazia parte de um dos capítulos de um livro de um amigo onde o autor relatava um encontro entre um casal cujo desfecho apresentava um ato sexual, retratado de forma suave e perfeitamente dentro do contexto pretendido.
A conclusão que cheguei é que essa IA deve ter alguma tendência religiosa, extremista que a impedia ultrapassar certos limites. Sem a barreira do conceito ou do preconceito, fiz, evidentemente a revisão de todo o belíssimo texto.
Em um outro, tratava-se de um diálogo infantil entre um menino e um senhor analfabeto. Sem a incomparável sensibilidade humana, o AI Revisora não conseguiu compreender, a diferença do teor relatado, sugerindo o tempo todo que se fizesse a correção para o texto culto. Alguém consegue imaginar uma criança num diálogo com um analfabeto, usando concordância nominal e verbal de forma culta?
Não basta ao Revisor apenas o conhecimento da complexidade da nossa língua, mas mergulhar no texto, se envolver nele para compreendê-lo à luz do pensamento do autor.
Nada contra as facilitadoras IA, ao contrário tenho certeza de que em pouco tempo irão alcançar parte ou a total sensibilidade até então exclusiva dos humanos, porém se temos que tomar cuidado com a autorrevisão, preocupação similar deve ser ter as Ias Revisoras.
Aprofunde-se, estude, pesquise para que você possa desfrutar dessa ferramenta tendo como controle a sensibilidade para que seu texto final não fique engessado.
Nada impede que você a utilize, mas atente para a necessidade de seu texto passar por uma revisão profissional humana, evitando preferencialmente, as Ias que pretende impressioná-lo através uma rapidez nada produtiva ou com incompreensíveis barreiras morais.
Ivy Alvim é Professora e Revisora Profissional há mais de 18 anos e agora faz parte da Equipe AZZLLON LITERATURA.